Sonhei contigo embora nenhum sonho possa ter habitantes, tu a quem chamo amor, cada mês trás um pouco mais de convicção a esta palavra. É verdade o sonho poderá ter feito com que, nesta rarefacção de ambos, a tua presença se impusesse - como se cada gesto das palavras te restituisse um corpo que sinto ao dizer o teu nome, confundindo os teus lábios com o rebordo desta chávena de leite já frio. Então, bebo-o de um trago o mesmo se pode fazer ao amor, quando entre mim e ti se instalou todo este espaço - terra, água, nuvens, rios e o lago obscuro do tempo que o inverno rouba à transparência das fontes, é isto, porém, que faz com que a solidão não seja mais do que um lugar comum. Saber que existes, aí, e estar contigo mesmo que só o silêncio me responda quando, uma vez mais te chamo.

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