"É uma palavra bonita, mágoa. Sabe a lágrimas silenciosas, a noites de insónia, de manhãs de domingo solitárias e sem sentido. Tem cores pastel, muito tristes e desmaiadas, ou então violetas de viuvez, pretos baços de carpideira muda vencida pela resignação. Está para lá da tristeza, da saudade, do desejo de lutar pelo que já se perdeu, da raiva de não ter o que mais se queria, da pena de ter deixado fugir um grande amor, por ser demasiado grande. (...)Às vezes, quando a mágoa é enorme e sufoca, vegetamos em silêncio para que ela não nos coma. Fingimos que está tudo bem, rimo-nos de nós próprios perante os outros e até mesmo perante o outro que vive dentro de nós. Tornamo-nos espectadores da nossa dor. Afastamo-nos de nós, do que somos, daquilo em que acreditamos. No fundo estamos a desistir, como quem volta atrás porque tem medo do escuro, vencidos pela desilusão, cansados de esperar em casa que o mundo pare e se lembre de nós."
"As crónicas da Margarida"

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